Tango na Milonga — Conclusão. — Em Buenos Aires passou-se a denominar Milongas, locais permanentes de dança.

Tango na Milonga — Conclusão.

Pesquisa e texto de Karlheinz Weichert 

A milonga como dança muito popular iniciou-se já no século XIX. Como dança é considerada como uma precursora mais rápida do tango. É praticada com movimentos semelhantes ao tango, mas devido ao ritmo ligeiro os movimentos mais complicados são mais raros.

A quem for assistir ou praticar a milonga atente para que existem dois tipos:

— a milonga lisa que é dançada aproveitando todo o espaço disponível, aplicável jocosamente, aos dançarinos “turistas de tablado”.

— a milonga traspié  em que os dançarinos usam passos curtos mantendo-se em espaço reduzido, e que podem talvez ser chamados de dançarinos de kitchinete.

O vídeo mostra a dança da milonga, por Dani Garcia e Luna Palácio, em filmagem recente. Nota-se bem o ritmo e ao final da apresentação o cantor imitar esse ritmo com o acima citado borocotó, …

Eventos esporádicos para a pratica das danças locais costumam ser chamadas de Milongas. Ali se encontram os Milongueros (expressão mais comum do que Tanguero)  para praticar três tipos de danças: tango, milonga e vals. Há diversos “códigos” para a realização dessas milongas, conforme os organizadores.

Na realização dessas milongas dispõem-se mesas em redor da pista de dança. Em geral os cavaleiros convidam as damas por uma Mirada, que ela aceita com um movimento da cabeça, o Cabeceo.

É importante saber que nessas ocasiões a dança do par não se conta por musica, mas por Tandas. Cada tanda se compõem de 3 a 5 musicas. Separar-se antes do final de uma tanda equivale a uma deselegância e talvez até uma ofensa.

Em Buenos Aires passou-se a denominar Milongas, locais permanentes de dança. Normalmente há uns 15 estabelecimentos tradicionais, cada um com suas particularidades, quase que diariamente abertos. De quintas a domingos o número cresce substancialmente. Cada uma tem suas particularidades: publico idoso, ponto de encontro dos melhores dançarinos, encontro dos tradicionalistas rigorosos, estruturados para novatos começando com treinos. Há também salões considerados de Queer-Tango abertos especialmente para homosexuais dançando pares do mesmo sexo.

Turistas interessados em escolher o local mais conveniente para uma visita devem consultar localmente a revista El Tanguero,  para fazerem escolha certa.

Portanto para dançar o Tango, na Argentina, vai-se a uma Milonga, como aludimos no Título.

Por fim ainda damos algumas palavras sobre a Vals que praticamente é sempre tocada e dançada por ocasião de eventos de milonga, aonde não pode faltar ao lado do tango e da milonga (musica, dança).

A Vals também chamada de tango vals, vals criollo, vals portenho ou vals cruzado, é uma forma de ritmo e dança criada pela hibridação do tango argentino com a valsa européia.

Os passos do vals foram transferidos do tango argentino. Em contraposição à valsa vienense, devido ao passo rápido do vals cruzado, dá-se normalmente só um passo, por compasso.  Dançarinos talentosos, porém podem dar dois ou até três passos por compasso. Expoentes nessa dança praticam as vezes, para tornar a dança mais ritmada e tecnicamente distinta, passos defasados do parceiro. Em contraposição ao tango argentino usa-se no vals passos menos ritmados porem mais contínuos.

O vals é muito estimado nos círculos dos dançarinos portenhos pelo que não pode faltar nas milongas ao lado do tango e da dança milonga. Assim ao lado das tandas do clássico tango e de milongas sempre se pratica as de vals também.

Portanto dançarino turista incauto, se você for convidado para uma Vals, por uma Mirada, que você aceitar por um Cabeceo, cuidado com seus passos !

Outros países sul-americanos também criaram suas Vals criollas, que, porém não devem ser confundidas com as vals criollas portenhas.

Karlheinz Weichert

Tango na Milonga — Parte 4 — “Yo canto por no llorar” — A milonga é a irmã mais alegre do tango.

Tango na Milonga — Parte 4

Pesquisa e texto de Karlheinz Weichert 

Para quem gosta sugerimos:

Dançam Patrício Touceda e Carla Chimenta. Novamente destacamos o desempenho da parceira feminina, inclusive quanto à resistência de seus saltos alto e pés nos impactos com a pista.

O vídeo dá uma amostragem de vários casais dançarinos na Cumparsita. Esforça-se em fornecer uma amostragem algo sensual para despertar a atenção dos espectadores.

No Brasil também se praticou um tango de ares locais, muito em voga no Rio de Janeiro, no inicio do século XX. Alguns pesquisadores afirmam que esse tango brasileiro nada mais era que um disfarce do maxixe que foi proibido na época. Outros contestam essa história, pois apontam existir uma diferença entre o maxixe e o tango brasileiro devido a presença de uma pausa na primeira semicolcheia do primeiro tempo, e que não existe no tango.

Assim como em outras músicas populares (por exemplo o samba), surgiram diferentes estilos de tango: tango-canção, tango-canyengue, tango-milonga, tango-romanzae, tango-jazz. Mais recentemente ainda surgiram tango-rock e electrotango ou tango eletrônico.

Uma lista dos compositores (alguns deles também famosos interpretes) mais afamados: Alfredo Le Pera, Angel Villoldo, Aníbal Troilo, Ástor Piazolla, Carlos de Sarli, Carlos Gardel, Edgardo Donato, Eduardo Arolas, Enrique Santos Discépolo, Francisco Canaro, Francisco Lomuto, Gerardo Matos Rodríguez, Hugo del Carril, Juan D’Arienzo, Julio de Sosa, Osvaldo Fresedo, Osvaldo Pugliese, Roberto Firpo.

É comum ouvir-se falar na Milonga. Segundo pesquisadores a palavra Milonga seria derivada de mulonga (conversa) do bantu Kimbundu do sudoeste africano.

Tem quatro aspectos:

— Musical, geralmente com canto

— Dança

— Evento musical onde se dança três ritmos: tango, milonga e vals.

— Local comercial, com instalações permanentes, onde se pratica essas três danças.

Portanto em um diálogo ou texto é preciso distinguir se o assunto é a musica, a dança ou alguma festa de dança, ou estabelecimento onde se pratica as três danças citadas.

Quanto à musica alguns acham que a milonga derivou do Candombe afro-americano. Seu ritmo é notado em 2/4 e 4/4. O ritmo é algumas vezes cantado como:

— borocotó, borocotó, borocotó, chas, chas.

As letras são evoluções das improvisadas Payadas dos gaúchos.

Distingue-se: milonga candombe ou candombera,

— milonga campera ou campeana, criolla,

— milonga ciudadana ou urbana, porteña.

Nas letras, enquanto o tango se conserva em um machismo auto-condoido, na milonga o sofrimento encontra consolo superando os fracassos amorosos.

“Yo canto por no llorar”

A milonga é a irmã mais alegre do tango.

Tango na Milonga — Parte 3 — Em 2009, em Dubai, o Tango foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Tango na Milonga — Parte 3

Pesquisa e texto de Karlheinz Weichert 

Os pesquisadores da música popular da região do La Plata identificaram duas fases de ouro do tango. A primeira se deu na década dos 20 quando várias figuras do ambiente artístico, inclusive literatos dirigiram seus esforços ao fomento da tango4música popular rio-platense, em especial o tango. Foi nessa época que cantores como Carlos Gardel, Ignácio Corsini e Augusto Magaldi e cantoras como Rosita Quiroga, Azucena Maizani ganharam destaque, inclusive vendendo muitos discos na então florescente indústria discográfica argentina. Com esses discos o tango voltou a ser difundido fora da Argentina.

Hoje lamentamos a qualidade ainda insatisfatória das gravações então ainda tecnicamente sofríveis, pois dificulta a apreciação desses expoentes da época.

Nova era de ouro do tango marcou a década de 40, quando novos valores como Aníbal Troilo, Astor Piazolla, Armando Pontier, Francisco Canaro, Carlos di Sarli, inclusive o expoente de popularidade Juan D’Arienzo animaram o mercado e difundiram ainda mais a musica.

Em 2009, em Dubai, o Tango foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.

Para curtir dois tangos bem diferentes dançados recentemente por um par notável, Sebastian Arce e Mariana Montes, sugerimos ver:

Aliás, a nomeação dos dançarinos, deveria ser em ordem inversa, a nosso ver, porque a mulher se destaca um pouco mais que o homem, nesse par.

Tango na Milonga — Parte 2 — Até 1920, a mulher não dançava Tango.

Tango na Milonga — Parte 2

Pesquisa e texto

de Karlheinz Weichert 

Um aspecto especialmente interessante é que inicialmente a dança era exclusivamente masculina. Era vergonhoso mulhertango2 dançar tango. Isso perdurou até cerca de 1920. Provavelmente a mulher entrou no tango por influência da aceitação da musica e da dança na sociedade de Paris.

Originalmente a dança era praticada por dois homens que se alternavam na condução. Infelizmente na época o cinema ainda estava dando os seus primeiros passos. Se foi filmado o foi sem som.

Recentemente experimentalmente essa pratica foi retomada. Vejamos um tango3vídeo em que dois irmãos, os Hermanos Macana (Enrique e Guillermo de Fazio) fazem uma apresentação no estilo da época, e cuja indicação agradecemos a RT. É uma pequena jóia.

Observe-se que eles trocam a condução com frequência. Percebe-se isso quando trocam a posição das mãos. Observa-se também o detalhe de não olharem um para o outro nem de se encostarem. Como essas danças são de apresentação elas não escapam de incluir movimentos encenados para impressionar os espectadores.

A quem tiver gostado sugerimos, ver dos mesmos irmãos, um vídeo dançado no centro de Nova York, a plena luz do dia, provindo o som de 2 aparelhos e fones de ouvido.

Por volta de 1907 o tango argentino, chamado também de tango rio-platense, foi levado por marinheiros franceses ao seu país. Era o tango La morocha  do uruguaio Enrique Saborido.

Paris logo se apaixonou pelo novo ritmo e pela dança sensual, exótica. Em consequência muitos artistas argentinos e uruguaios viajaram e se radicaram em Paris.

Tango na Milonga — Parte 1 — “O tango é um pensamento triste que se pode dançar“.

tango1

Tango na Milonga — Parte 1

Pesquisa e texto de Karlheinz Weichert 

Sempre achamos a música e a dança do tango admiráveis.

Chama atenção principalmente a dança, que sai bastante dos padrões das danças de salão usuais, permitindo amplas variações nos passos e estimula uma coreografia que fica a critério dos dançarinos.

Pesquisamos um pouco. Preparamos o texto abaixo com base apenas em compilação, faltando experiência pessoal no assunto.

Visitantes da terra portenha, com ritmo nas pernas, viajarão, possivelmente, mais orientados no sentido de escolher uma milonga adequada aos seus interesses. Saberão como funciona uma Mirada e um Cabeceo. Usarão sapatos capazes de manterem o conforto durante uma Tanda inteira.

A origem do tango é localizada na área do Rio da Prata, principalmente em Buenos Aires e Montevidéu. A origem da musica em si não é muito clara. Talvez descenda da habanera* espanhola que se tocava nas cidades citadas, nos últimos 20 anos do século XIX, interpretada por violino, flauta e guitarra. O bandoneón, trazido por emigrantes alemães, e que atualmente caracteriza o tango chegou ao Rio da Prata em torno do ano 1900.

*Temos por aqui grande dificuldade em ouvir uma habanera. Quem conhecer ou tiver possibilidade de ouvir a ópera Carmem, de Bizet, terá um conhecimento inicial do assunto.

Infelizmente a grande maioria dos primeiros tangos não foi escrita, pois os músicos não sabiam escrever música nem ler partituras. Provavelmente se inspiravam de ouvido, em habaneras e polcas.

O ritmo é sempre sincopado em compasso 2/4.

As letras dos tangos mesclam drama, paixão, sensualidade, agressividade e são sempre tristes. Como disse um compositor:

“O tango é um pensamento triste que se pode dançar“.

The twitteramigos Daily

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