A Internet está doente!

Meus sentimentos de pesar e solidariedade para a cantora Walkyria Santos. Eu não a conhecia. Fiquei sabendo sobre ela pela circunstância trágica do momento doloroso na vida dela. Deus conforte o coração dessa mãe e dê forças para ela superar a morte do filho de apenas 16 anos.

Após ele postar um vídeo inocente brincando com seu melhor amigo no TikTok, o jovem recebeu uma enxurrada de comentários maliciosos e perversos. Ele não suportou a pressão e acabou por tirar a própria vida.

Em sua conta no Instagram, Walkyria gravou um desabafo. E com seu coração de mãe desolado pela dor, ela disse:

“Hoje eu perdi meu filho, mas preciso deixar esse sinal de alerta aqui. Tenham cuidado com o que vocês falam, com o que vocês comentam. Vocês podem acabar com a vida de alguém.”

No vídeo, ela sentenciou: “A Internet está doente”.

Paz a alma do jovem ✝️

Muita força para a mãe 🙏

A CAIXA POSTAL ANTES DA INTERNET

Hoje eu vou trazer um texto que escrevi sobre a rede de relacionamentos em um tempo bem distante da internet. É uma história de amor muito bonita. Vou contar como os meus pais se conheceram. O primeiro contato deles foi através de um Clube de Correspondência, publicado em uma revista do Rio de Janeiro, nos anos 50.

Ele nasceu em Niterói. Mas por motivo de trabalho vivia em Nova Friburgo. Ela nasceu em Campos dos Goytacazes. E vivia em uma área da Usina Santo Antônio, no povoado do Kundo. E para justificar a distância que os separava, eles diziam que era um lugar perto do fim do mundo. Lá não havia luz elétrica, ônibus, carros e escolas. Os meios de transporte na região, eram cavalos, charretes, carros de boi, bicicletas e os tratores da usina que transportavam cana de açúcar.

Um dia mamãe saiu do interior para estudar na cidade. Com apoio dos pais ela foi morar na casa de uma tia, irmã de vovô. Como ele era muito zeloso só permitiu que a filha saísse para estudar, depois de assumir o compromisso que voltaria para alfabetizar seus irmãos e os filhos da vizinhança. Depois de formada, ela voltou. E como vivia muito distante de tudo, ela começou a participar do ‘Clube da Correspondência’. Uma seção publicada aos domingos em uma revista de variedades. Se não me engano, o nome era ‘A Cigarra’.

Na zona rural, não havia entrega de cartas pelo carteiro. Então ela alugava uma Caixa Postal no Correio Central, para receber as cartas dos seus correspondentes. Eram 58 pessoas. Havia gente do Brasil, de Portugal e outros países de língua portuguesa. A frequência na troca de correspondência dependia da distância. Podiam ser semanais, quinzenais e mensais. Comparando com a era da internet, a comunicação era muito diferente desse nosso tempo. As correspondências eram sempre manuscritas. Os correspondentes exercitavam a caligrafia para impressionar seus leitores. Alguns salpicavam no papel de carta os seus perfumes. E colocavam nos envelopes coisas como pétala de flor, folha de árvore e fio de cabelo. Isso a internet não pode oferecer. E assim aconteciam os relacionamentos à distância.

As cartas permitiam uma comunicação importante para a professora do interior. Havia nela uma grande curiosidade por outras culturas e comportamentos, em lugares distantes do povoado em que vivia. Além das cartas, eles trocavam revistas, livros, cartões postais e fotos revelando fatos interessantes. Como um bom poeta, papai romantizava tudo. Ele tinha 14 anos a mais que mamãe. Era um funcionário público, que nas horas vagas fazia poesias e escrevia cartas. Com seis meses de correspondência, ele foi vencido pelo desejo de conhecer pessoalmente a moça que o encantava pelas cartas perfumadas. Um dia ele comprou uma passagem de trem, e embarcou com a decisão de descobrir onde ela morava. Já na cidade, primeiro ele foi aos Correios. E pelo número da Caixa Postal dela, obteve a direção da sua casa. Feito isso, foi procurar por ela e chegou de surpresa.

Com a frequência das cartas eles compartilhavam coisas sobre suas vidas, e se entendiam muito bem. Na primeira visita, já decidiram assumir o compromisso do noivado. A aliança chegou depois entre as páginas do livro “Teu Amor e as Estrelas”. No ano seguinte, eles se casaram na Catedral da cidade e ela passou a morar em Nova Friburgo. Tiveram seis filhos e foram felizes para sempre.

Em 2021 percebemos como tudo está mudado! O comportamento entre os leitores de uma página de relacionamentos em uma revista de 1950 é bem diferente do que se vê entre os frequentadores de qualquer aplicativo de internet. Comparar o número de leitores de uma publicação impressa em 1950 com os milhões de usuários conectados pelo mundo afora em 2021, é mesmo impressionante. No mundo atual, em questão de segundos a outra pessoa pode compartilhar uma foto ou abrir uma janela para uma conversa de vídeo. Isso provocou uma revolução no comportamento humano. Mas algumas questões, como criar vínculo de afeto e compromisso continuam a mexer com as emoções da gente. Nessa era da internet, o que mais surpreende são as histórias que demonstram como os afetos se tornaram voláteis. Eles surgem e desaparecem como fumaça na virtualidade. O mundo em que vivemos está muito dinâmico, e as histórias da vida correm contra o tempo.

Labouré Lima

12Junho2017

Uma homenagem ao poeta apaixonado e a sua musa no #DiaDosNamorados ♥️ ♥️

Nesse domingo, talvez motivado pelo Dia dos Namorados, o Fantástico apresentou uma reportagem explicando como funcionam os aplicativos de relacionamentos. E até mostraram alguns casais que foram bem sucedidos. Então lembrei que os meus pais se conheceram por meio de uma página de relacionamentos que era publicada em uma revista dominical do Rio de Janeiro na década de 50.

Geraldo era niteroiense, vivia em Nova Friburgo. Eunice nasceu em Campos dos Goytacazes e morava em um povoado dentro da fazenda da Usina de Açúcar Sto Antônio. Um lugar chamado Kundo. Perto do fim do mundo. Assim diziam para exemplificar a distância que os separava. Lá não havia luz elétrica, ônibus, carros, escolas e nem o carteiro chegava. Os meios de transporte na região, eram cavalos, charretes, carros de bois, bicicletas e os tratores da usina que transportavam cana de açúcar.

Ela alugava uma Caixa Postal no Correio Central da cidade, para receber as cartas dos seus correspondentes. Eram ao todo 58 pessoas do Brasil, Portugal e outros países de língua portuguesa.  A frequência na troca de correspondências dependia da distância. Algumas podiam ser semanais, outras quinzenais e mensais. Se compararmos com a era da internet, naquela época a velocidade da comunicação era bem diferente. As correspondências eram sempre manuscritas e eles exercitavam a caligrafia para facilitar a leitura. Assim aconteciam os relacionamentos à distância, envolvendo pessoas de diferentes culturas.

Era um meio importante de comunicação para uma professora do interior que gostava de obter informações sobre o que se passava com a cultura e o comportamento nos lugares distantes daquele povoado em que morava. Além das cartas que os amigos correspondentes trocavam, também chegavam revistas, livros, cartões postais e fotos contando suas histórias de vida.

Eunice foi estudar na cidade com apoio dos pais. Vovô era um pai muito zeloso. Ele fez com que ela assumisse o compromisso de voltar para alfabetizar os irmãos e vizinhos que não podiam sair para estudar na cidade. Esse foi o grande mote para ela frequentar o ‘Clube de Correspondências’ publicado na revista ‘A Cigarra’. Quando voltou ao seu lugar de origem, ela percebeu o quanto vivia distante da civilização.

Papai era um poeta. Ele tinha 14 anos a mais que ela. E já fazia parte do funcionalismo público do Estado do Rio, servindo na Secretaria de Finanças de Nova Friburgo. Depois de seis meses trocando cartas ele comprou uma  passagem de trem e embarcou numa aventura que deu certo. Quando decidiu viajar para ir aos Correios de Campos, ele sabia que não sairia da cidade sem descobrir onde ela morava. E foi assim que ele apareceu na casa dos pais dela, sem avisar.

Através das cartas descobriram que um era parte da vida do outro, porque se completavam e se entendiam muito bem. Portanto logo na primeira visita ficaram noivos e no ano seguinte se casaram. Depois da cerimonia ela foi embora com ele para Nova Friburgo, tiveram seis filhos e foram felizes para sempre.

A diferença de uma página de relacionamentos em uma revista semanal publicada em 1950 para um aplicativo de internet em 2017, vai além dos milhões de usuários pelo mundo afora. O fator principal creio que se deve ao aspecto evolutivo do comportamento humano. Algumas questões, como criar vínculo de afeto e compromisso, são tão surpreendentes quanto voláteis, nos relacionamentos que acontecem atualmente por meio dos aplicativos encontrados na internet.

#LabouréLima
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Essa página foi publicada na Antologia ‘O Perfume da Palavra’ – volume IV – Edições Muiraquitã A poesia reproduz o primeiro encontro. E as fotos registram a primeira visita dele, na casa dos meus avós.

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Vamos falar de elegância nos relacionamentos via redes sociais?

Ainda há muito o que amadurecer nos relacionamento das redes sociais… quer sejam entre amigos reais ou virtuais. A verdade é que em algum momento aflora o sentimento de vulnerabilidade a que estamos submetidos nessas relações. Lidamos com máquinas mas somos humanos, temos sentimentos e reagimos quando algo nos atinge. Apesar disso, alguns se comportam como robots. Talvez uma fonte de imaginação fundamentada em leitura, filmes e jogos, os faça querer sentir como um desses. Outros são mesmo experimentos científicos da  internet que vieram para nos infernizar…

Mas o objetivo desse post não é científico e sim relações humanas em atividade por detrás dos monitores. Então, vamos abordar algumas dessas regras que instigaram essa reflexão:

1. Ninguém disse que é obrigação cumprimentar a todos e nem isso seria possível. Não há uma regra para isso. Mas sempre postamos um olá. E na saída, deixamos um post subliminar indicando que estamos ausentes.

2. Visitar a página de um ‘amigo’ é como entrar na sua casa. O acesso acontece por convite ou solicitação. Portanto, faz parte retribuir quando se é citado num post e deixar ao menos um olá quando passamos os olhos curiosos numa página.

3. Quanto ao compartilhamento, é como entrar na casa de alguém e achar algo interessante de posse da pessoa, ou mesmo que esteja lá por empréstimo de outro amigo e levar sem dar ao menos uma satisfação.

4. Coisa pior é quando alguém que não pode acessar as informações da página por não fazer parte do rol de amigos, se aproxima de alguém que seja, só para fuçar os posts alheios. E mais, ainda surge com comentários sem dirigir uma única palavra ao responsável pela página. De todo tipo de comportamento nas redes sociais, esse é o que mais incomoda e pode ser considerado imperdoável!!

5. E há os casos da propriamente dita invasão por um hacker, que é caso de polícia e denúncia. Mas não é disso que estamos tratando aqui.

Mal comparando, os relacionamentos tratados nos itens acima, é o caso do motorista que trafega pelas ruas fazendo do trânsito uma ação irresponsável. Provavelmente, essa pessoa não pratica em casa o respeito mútuo, dispensa regras de educação, cortesia e muito menos leva em conta que gentileza gera gentileza.

Da mesma forma entendemos a falta de respeito com o meio ambiente dos conhecidos “sugismundos” que a julgar como jogam lixo pela janela dos carros, às vezes de luxo, ou mesmo dentro de um ônibus descartando lixo nas ruas. Em todos os casos é identificável que falta aquela educação que vem do “berço”. E, se não há em casa, tão pouco podemos esperar que haja em outro lugar, tanto faz se o ambiente é vida real ou virtual.

Desculpem se há um tom de desabafo nessas linhas, mas às vezes é preciso fazer as pessoas perceberem que todos podem ser bem vindos, sem restrições, desde que reconheçam que as regras de convivência existem para serem praticadas. E que a rede social não é essa “zona” que querem fazer parecer. A maioria das pessoas não aceita conviver dessa forma.

Felizmente, temos o prazer de descobrir o convívio com gente inteligente, elegante, amável e sincera. Esses sim, sabem que educação, respeito, confiança e solidariedade fazem parte dos bons relacionamentos.

Todo carinho e respeito aos que se consideram incluídos neste último parágrafo.

Paz e Bem!

Bons amigos até o fim…

No registro de um momento inesquecível, na aldeia de Vil de Souto -Viseu – Portugal, Eunice e Tomaz abraçaram uma pinheira centenária, árvore símbolo da vida para dois bons amigos que deixaram o mundo quase ao mesmo tempo, ele no dia 22 e ela em 23 de junho de 2010, praticamente de mãos dadas, como na foto.


Os dias passam arrastados, enquanto a dor do LUTO está presente…

Diante da impossibilidade de agradecer a todas as mensagens, tomo emprestado esse espaço público, porém não impessoal, pois nesse lugar virtual extravaso o meu sentimento para o mundo.  Dessa forma espero alcançar o âmbito familiar, pessoal, profissional e virtual, com palavras saídas do coração.

Acredito na sensibilidade dos companheiros da internet, amigos-leitores, que se  interessam pelo que escrevo. Gostaria que soubessem o quanto valorizo os sentimentos expressos nas palavras generosas, que compõe as entrelinhas de cada uma das mensagens que me enviaram, nesses dias de aflição que tenho vivido.

Ainda me encontro consternada, recebendo o calor que irradia das orações da família e dos amigos. Sem deixar de ser forte, procuro suportar o golpe que tirou do meu convívio duas pessoas tão amadas, no mesmo momento.

Foi uma semana de tempestade, onde aconteceu um dos piores momentos da minha vida. No espaço de apenas 24 horas, perdi meu marido e minha mãe. Dois pilares. Verdadeiros sustentáculos na estrutura familiar. Cada qual no seu grau de importância, eles me deixaram em um vazio imenso, causa de  infindável solidão que não sei como preencher. Espero em Deus que estejam em paz, na glória do céu onde tudo é eterno.

A internet é uma ferramenta que amplifica nossa voz,  em razão disso rompo o silêncio de todo meu lamento, para externar os mais sinceros agradecimentos, ao apoio e solidariedade que me tocaram no âmago, essência mais profunda do meu ser.

Labouré Lima

The twitteramigos Daily

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