O encontro inusitado com Gal e a foto que perdi…

Foto: Reprodução da Internet

GARRAFAS AO MAR — O encontro inusitado com Gal e a foto que perdi…

No segundo semestre de 1998, saí de Niterói com a expectativa de visitar a Expo-Lisboa.

O voo era Rio-Lisboa-Porto. Do aeroporto Sá Carneiro, partimos rumo a Quinta do Casal de Vil de Souto, em Viseu.

Na semana seguinte, viajamos para Lisboa.  No primeiro dia de nossa visitação à Expo, acordamos bem cedo no hotel e após o café da manhã fomos a estação do Rossio, retirar o “passaporte de acesso aos pavilhões”. Na chegada ao Parque das Nações, enfrentamos uma fila em formato caracol, sob o sol escaldante de setembro. Tudo era grandioso na riqueza daquele cenário que descortinava um mundo espetacular! Passamos uma semana visitando o gigantismo da exposição e não vimos tudo. Em nosso último dia na Expo, a praça Sony exibia um show eletrizante da Gal.

Deixamos Lisboa e fomos até Fátima, passando por Coimbra e voltando a Viseu para desfrutar mais um pouco da preciosa aldeia Vil de Souto, além do infalível passeio a magnífica Serra da Estrela.

O nosso voo de retorno era no horário noturno. Saindo Porto-Lisboa-Rio. No aeroporto de Lisboa, a espera se prolongou muito. Já passava das 2 da madrugada e nada de embarque! Os passageiros estavam exaustos pela demora e com cara de sono devido ao atraso no voo….

Por acaso, Gal sentou-se a meu lado. E pasmem! Ela puxou conversa… eu disse que estava na Expo no dia do show dela… e falamos da coincidência daquele momento, lado a lado, esperando o mesmo voo para o Brasil. Comentando as músicas do show, falei que gostava de todas porque cada música lembra alguém ou algum momento especial. Daquele encontro com Gal, sendo gente como a gente, só me arrependo de não ter uma foto. Definitivamente não sei tietar! Evitei pedir por receio de incomodar e com vergonha de pagar mico. Tanto tempo depois, ainda fecho os olhos e lembro daquela voz melodiosa da Gal conversando comigo. Há encontros que a gente jamais esquece. Quando lembro da foto que não pedi, a minha consciência responde que a melhor foto é a que fica preservada no coração.

Labouré Lima

#RIP #GalCosta

Desvestir o Luto não é esquecer…

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“A saudade é um amor que nunca morre…”

A gente entende que o luto acabou quando aprende a lidar com as fotos dos nossos ausentes. O tempo é diferente para cada pessoa. E o coração, assim como o DNA em cada um de nós, nunca é igual. Temos que saber respeitar o nosso próprio tempo, enquanto a razão e o coração encontram o equilíbrio. Sendo assim, aos poucos, podemos perceber que é possível se envolver com as fotografias novamente permitindo o afeto transitar de forma suave em nosso íntimo. Quando olhamos uma foto de alguém que já se foi, em vez de chorar, devemos pensar algumas palavras bonitas que nos conforte e que chegue a alma da pessoa amamos, onde ela estiver.

Os mortos quando saem da vida física vão para a vida nova no espírito. Se libertam da matéria. Por isso a necessidade de lembrarmos dessas almas em nossas orações. Esse é o alimento que os espíritos necessitam para estar em paz. Qualquer um de nós fica feliz ao ser lembrado, não é mesmo? As almas também.

As boas lembranças que trazemos em nosso coração não podem ser sepultadas com os mortos. Algumas pessoas põem em prática o esquecimento por um egoísmo involuntário, ou talvez por acreditar que essa é a melhor forma de evitar sofrimento. E assim tentam esquecer…, mas se pensarmos bem encontraremos outros métodos para lidar com as perdas.

Podemos lembrar dos nossos ausentes sem a prática doentia do autoflagelo. Saudade é amor eterno. Ao contrário do que muitos pensam, saudade não é um vazio. Saudade é um sentimento pleno. Ninguém sente falta do que foi ruim.

Administrar a ausência física é uma tarefa complicada, que só entende quem passa por esse revés. Requer cuidado e muita paciência. As pessoas precisam aprender a conviver com as perdas, se permitindo salvaguardar a saúde emocional.

Um dos aspectos mais significativos de que a vida continua é a percepção do quanto é importante dar sentido a cada novo dia da nossa existência. Preencher o tempo com atividades produtivas é o melhor antídoto contra a tristeza e a depressão. E ter coisas a realizar torna as pessoas ocupadas, mais saudáveis e menos infelizes.

Se permita o pulsar da vida e seja para si mesmo a amizade mais fiel a lhe indicar qual rumo seguir. Ouça a sua intuição e deixe a sabedoria do coração falar mais alto. A vida não é feita de rascunhos, escrevemos a realidade dos nossos dias conforme vivemos.

Faça o seu melhor sem se preocupar com medidas e a resposta virá. Viver não é como misturar medidas exatas de culinária, que ao errarmos um pouquinho perdemos tudo o que foi feito. Não se trata disso. Se observarmos bem, viver é uma experiência fantástica. Somos os alquimistas das nossas próprias receitas. Enquanto a vida acontece podemos criar novas medidas e aperfeiçoar diversas alquimias.

A sensação de experimentar cada coisa ao seu tempo favorece o aprendizado. Quanto mais se aprende, mais se tem a aprender. Na escola da vida ninguém sai diplomado.

Labouré Lima

Quem foi amor sempre deixa saudade.

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Dia de finados se aproxima e é inevitável refletir sobre os nossos ausentes… essas pessoas queridas que nos deixaram no escuro da solidão e do luto, ao partir dessa vida.

Haja força para remar o barco da saudade e esperar arrefecer a emoção da perda. O tempo do luto difere de coração para coração. Uns são mais sensíveis e emocionais, se perdem no vazio da ausência. Outros são mais práticos e superam pelo método substitutivo, buscam ocupações que os absorva. A saudade é uma dor que reclama a ausência das pessoas queridas que perdemos e sempre estará envolta em um turbilhão de sentimentos confusos. Não há remédio melhor que o tempo, ele é um forte aliado para se alcançar o estágio da aceitação e reorganizar as emoções. É aquele ponto que se pode comparar a um tipo de cura da alma. A cicatriz está lá, mas a ferida já não está mais aberta. O ciclo natural da vida se rompe com a morte, mas continua para quem fica. Superar a dor da perda é muito importante, faz parte do processo de evolução da alma humana.  Cedo ou tarde, todos conseguem aquietar o espírito e prosseguem na vida naturalmente. Viver é uma dádiva que não podemos desperdiçar.

Labouré Lima

O tempo cuidará de tudo, inclusive de apontar as causas e os culpados!

Expressando solidariedade, respeito e pesar por tanto sofrimento.

Do lado de cá da ponte Rio-Niterói, estamos solidários com essa lacuna que se abriu de forma tão avassaladora na vida carioca. O mar que nos separa é o mesmo que nos une em tudo, tanto nas festas como nas lágrimas de dor pungente.

Apesar do tempo decorrido há familiares mergulhados na imensa angústia da espera, acreditando que um milagre possa ainda resgatar sobreviventes… só em Deus!

Nos primeiros instantes correram muitas informações controversas na imprensa. Pelo Twitter muitas pessoas compartilharam informações no desenrolar da tragédia, enveredaram pelo amanhecer e prosseguiram pelo dia afora. A medida em que as horas se distanciavam do impacto da notícia, muitos se recolheram no silêncio da reflexão e oração. O povo carioca que é sempre alegre,  mostrou-se hesitante no assunto para não machucar ainda mais a imensa ferida aberta no coração de todos.

Nesse momento, a “cidade maravilhosa” se veste de luto e sofre pelos cidadãos que perderam suas vidas no desabamento da Avenida 13 de Maio. Cada uma das vítimas, ao seu modo, representava um exemplo de dedicação ao trabalho. Senão todos, a maior parte dos que desapareceram em meio aos escombros desse triste evento, estavam naquele local pela mesma razão. Defendiam que trabalho e estudo lhes traria uma vida melhor no futuro.

Por todas as vítimas, as que já foram encontradas e as que ainda estão soterradas, entregamos nossas orações a Deus pedindo Paz e Luz para suas almas.

Para as famílias enlutadas enviamos nosso carinho e conforto espiritual, rogando aos céus infinitas bênçãos de fé,  coragem e esperança para que a tristeza que se abate sobre suas vidas seja superada com o tempo. Pois, só ele cuidará de tudo e vai apontar as causas e os culpados.

Sempre orando e pondo a confiança em Deus, pedimos muita Paz  para as famílias envolvidas!

Bons amigos até o fim…

No registro de um momento inesquecível, na aldeia de Vil de Souto -Viseu – Portugal, Eunice e Tomaz abraçaram uma pinheira centenária, árvore símbolo da vida para dois bons amigos que deixaram o mundo quase ao mesmo tempo, ele no dia 22 e ela em 23 de junho de 2010, praticamente de mãos dadas, como na foto.


Os dias passam arrastados, enquanto a dor do LUTO está presente…

Diante da impossibilidade de agradecer a todas as mensagens, tomo emprestado esse espaço público, porém não impessoal, pois nesse lugar virtual extravaso o meu sentimento para o mundo.  Dessa forma espero alcançar o âmbito familiar, pessoal, profissional e virtual, com palavras saídas do coração.

Acredito na sensibilidade dos companheiros da internet, amigos-leitores, que se  interessam pelo que escrevo. Gostaria que soubessem o quanto valorizo os sentimentos expressos nas palavras generosas, que compõe as entrelinhas de cada uma das mensagens que me enviaram, nesses dias de aflição que tenho vivido.

Ainda me encontro consternada, recebendo o calor que irradia das orações da família e dos amigos. Sem deixar de ser forte, procuro suportar o golpe que tirou do meu convívio duas pessoas tão amadas, no mesmo momento.

Foi uma semana de tempestade, onde aconteceu um dos piores momentos da minha vida. No espaço de apenas 24 horas, perdi meu marido e minha mãe. Dois pilares. Verdadeiros sustentáculos na estrutura familiar. Cada qual no seu grau de importância, eles me deixaram em um vazio imenso, causa de  infindável solidão que não sei como preencher. Espero em Deus que estejam em paz, na glória do céu onde tudo é eterno.

A internet é uma ferramenta que amplifica nossa voz,  em razão disso rompo o silêncio de todo meu lamento, para externar os mais sinceros agradecimentos, ao apoio e solidariedade que me tocaram no âmago, essência mais profunda do meu ser.

Labouré Lima

The twitteramigos Daily

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